sábado, 21 de julho de 2007

Estar em dois

A viagem aqui não ficou tão parada como dou a impressão pelo silêncio, e a maior mudança como eu ia dizendo foi ter percorrido este lado da cortina com o Rafael Milaré, ou seja, num mochilão mais comum e em terras menos estrangeiras do que a Babel européia vinha me retirando. Não é que faltem conversas pra comentar, como a de ontem com um belga flamengo, impressionado como nosotros com a falta da tão alardeada pobreza na região - a crer na propaganda destruida menos por uma guerra e mais pelos 45 anos da pior arquitetura (omitimos o que a liberdade de construir fez com o progresso de São Paulo). Mas agora tudo mudou, porque alem de educacão, saúde e infra-estrutura, aqui se consegue ate Coca-Cola Zero e Beyoncé, enquanto nosso sonho de percorrer a estrada certa no sentido inverso deu menos certo do que o vendedor anunciava.

O que parou nesta página foi porque aquelas horas passadas fazendo manutencão acabam ocupadas por conversas outras e talvez até mais sinceras do que aquilo que se escreve pra um público tao sinuoso e com tantas amarras pregadas quanto vocês involuntariamente já que, como eu ia dizendo pra uma amiga outro dia, o primeiro que superar o Ego nao vai se dar ao trabalho de nos escrever do além, ou seja, permanecemos assustadoramente sozinhos.

Com o Milaré por aqui então a viagem adquiriu uma cara mais digamos sal-sol-sul, e na nossa bolha de mergulhos no Adriático so somos interrompidos pelos ventos esparsos que insistem em nos atingir desde Congonhas ou Brasília - que por nós a Copa América era tudo que saberíamos de nossas palmeiras por esses nossos dias. De resto, apenas fotografar os arcos do triunfo esquecidos de Brecht.

Tudo isso pra dizer que hoje partimos caminhos, como eles dizem por lá, e eu ainda devo pra vocês umas fotos nossas entre os leste-europeus, posto quando puder. Pra esquentar digo que o caminho foi, Atlas na mão, Praga-Cracóvia-Bratislava-Budapeste-Pula-Ljubljana, e agora sigo pra Viena de onde me atiro em direção ao Leste hardcore, onde meu Führer (e vejam que os alemães sempre têm algo a nos ensinar, Audioführer é uma palavra que atinge o ponto e vira o tabuleiro do checklist de museus e igrejas) diz pra tomar mais cuidado, com o bandido como com a policia. Mas minha mãe vai ficar aliviada se der uma olhada no que eles recomendam em São Paulo (ter o dinheiro do ladrão, como meu pai sempre me ensinou), o que nos deixa seguros quanto a Bulgária, Turquia e Rússia. Cirílico faltei nas aulas de Dan Rolim e ainda vou ter que dominar, mas o Dóbri Den é universal por aqui, e só com ele e com o passaporte verde já vamos nos entendendo. Como disse o inglês wittingly resumindo tudo, it's a nice place to come from.

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