segunda-feira, 11 de junho de 2007

Sons do oriente

Estou em Zaragoza, onde umas notas de fundo da primeira passagem islâmica pela Europa se fazem sentir. Mais precisamente, no edifício conhecido como Aljafería, onde os árabes mostraram que podiam muito mais que os pobres arquitetos dos povos bárbaros. As diferenças entre a espetacular parte árabe que foi preservada e as partes medieval e mesmo mudéjar (incorporação de elementos dos árabes depois da Reconquista) são assombrosas. Fica difícil esperar pela Andaluzia, onde a Alhambra em Granada e a mesquita de Córdoba, dizem por aqui, são o exemplo da arquitetura árabe medieval no seu esplendor.
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A cidade conta também com a basílica, onde se diz que a Virgem uma vez apareceu sobre um pilar (não vou nem transcrever o comentário do Lonely Planet - cético até a alma). Um pedacinho do pilar fica descoberto e todo esburacado pelo ritual centenário de beijá-lo. Como aqui é meio passagem de um caminho secundário pra Santiago, acaba que um ou outro peregrino perdido aparece. Mas não só de fiéis desconhecidos vive o mimado pilar - há uma inscrição logo em cima com a data em que o Papa João Paulo II passou por aqui e mimetizou o ritual de adoração do objeto inanimado.

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Afora isso, o orgulho da cidade é a arquitetura que eles chamam de Renacimiento Aragonés (aqui é Reino de Aragão). O estilo do Renacimiento Aragonés é, ao que tudo indica, tributário direto da invenção do tijolo, e consiste basicamente em realizar obras que antes eram feitas com grandes pedras, utilizando para isso os pequenos tijolos. Uma verdadeira revolução na arquitetura mundial.

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Não há muito mais grandes atrações na cidade, e, sendo segunda-feira, os museus estão fechados. O dia teve que servir pra outras coisas, tipo comprar sabonete líquido pra parar de roubar os sabonetes de albergue pra usar nos que não têm (técnica que se revelou muito útil enquanto estes não ultrapassaram em número aqueles) e gilete que esqueci e acabei comprando em Braga (PT) uns daqueles descartáveis, que deslizam com a suavidade de um ralador de queijo.
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Afora isso, o verão finalmente chegou (se não deu pra notar pela praia), o que é ótimo porque eu estava contando com isso quando fiz minha mala. Por outro lado, o horário de pico do sol aqui vai aproximadamente das 10h00 às 18h00, e ficar andando por aí sem protetor é queimadura na certa. Não sei como aqui essa questão de sol não é elevada à categoria de Problema Nacional, que é o que acontece na Austrália, onde também tem gente branca demais num lugar que faz sol demais.
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Próximas paradas, um dia em Olite, antiga capital dos reis de Navarra (até 1512, quando a potência castellana os anexou), e ao que tudo indica a noite em San Sebastián, recomendação do Cadu como lar das praias mais bonitas da região - e, não sei se mais importante, no País Basco, uma parte do mundo em que sem nenhuma razão aparente alguns radicais insistem em utilizar uns métodos meio fora de moda para defender umas coisas meio fora de moda. A parte boa é que diz o meu guia que, ao contrário dessa gente, San Sebastián é totalmente in. Ufa!

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